Sinopse:
Marina Abramovic é uma artista de performance
que iniciou sua carreira na década de 70. Tornou-se referência na arte de fazer
intervenções urbanas usando o corpo como instrumento principal de sua obra. Seu
trabalho sempre procurou a interação entre o artista e o público, buscou as
possibilidades de compreensão das mentes através da provocação e os limites do
corpo humano.
O documentário explora a exposição realizada no
MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova Iorque) intitulada “The Artist Is presente”
que faz uma retrospectiva da carreira de Marina, recriando seus trabalhos com
outros artistas escolhidos por ela. Um dos pontos fortes do documentário é
aparição de Ulay, um artista que foi parceiro e namorado de Marina durante 12
anos, e que com ela realizou diversos trabalhos impactantes que marcaram a trajetória
artística dos dois.
Quais
Impressões que temos ao olhar a exposição e a artista?
A
ocupação do MoMA foi total, todas as salas ocupadas com peças, recriadas por
outros artistas. Nenhuma das peças é desprovida de intencionalidade, todas elas
expõem tensões, procurando extrair algo das pessoas presentes, instigando-as a
refletir sobre seus próprios limites e medos. Todavia, a mais impressionante
delas é a realizada por Marina Abramovic, que sentada em uma cadeira, fica
durante horas encarando pessoas do público que se revezam no ato de estarem
frente a frente com a artista. A linha tênue entre ela e o público, revela
momentos interessantes, seja de alegria, de dúvida, de questionamento,
inquietação, provocação, tristeza, enfim, todo tipo de reação é percebida nas
pessoas que se defrontam com ela. A exposição nos passa uma sensação de
profundidade, de questionamento, que outras exposições, muitas vezes não
conseguem nos transmitir, justamente por faltar o que é intrínseco na
experiência humana, que é ser, criar, temer, sorrir, entre outras coisas que
estão presentes em nossas experiências cotidianas de vida. A artista
sexagenária, mostra-se uma figura linda, eloquente e experimentada. Seu olhar
tem uma força que nos desafia, que nos coloca em xeque, mas que ao mesmo tempo,
transmite paz e harmonia.
Qual a intencionalidade da exposição?
A
intenção era resgatar a obra de Marina Abramovic num sentido mais amplo, onde
as reinterpretações pudessem trazer novos questionamentos para a atualidade,
tendo em vista que a maioria das performances tinham sido realizadas nas
décadas de 60 e 70, num outro contexto sociocultural e histórico. Embora a
própria artista admita que no passado jamais aceitasse uma re-performance de
suas obras, a proposta no século 21 é feita sem medo e com uma coragem ímpar.
Contudo, a exposição visou explorar o lado pessoal da artista e como ela
entende e propõe a arte, mesclando vários conceitos artísticos com a própria
experiência de vida da artista.
Por quê a artista está presente?
Marina
Abramovic sem dúvida estava presente, desde o início dos preparativos para a
execução da obra, na escolha e preparação dos jovens artistas e pelo fato, de que na execução de
sua performance, se ela não estivesse ali de corpo e alma, a ação seria falsa.
A cada pessoa que se sentava à sua frente, demandava de Marina um despir
impressionante, uma capacidade de se desfazer da influência e do impacto da
pessoa anterior, para que ela estivesse pronta e renovada para a próxima. Nesse
sentido, um olhar desconectado com o outro, mostraria que ela não estava
conectada com o momento, portanto, para o sucesso da performance, sua presença
tinha de ser 100% focada na troca de olhares e na expectativa que outro trazia
para o encontro com ela.
O que se expôs?
A exposição tinha um objetivo. Seu foco era
transmitir aquilo que Marina Abramovic entende como arte e como essa arte pode
ser exposta num museu, onde geralmente encontram-se exposições estáticas, onde
não há um contato direto com as obras. Com as re-performances de suas obras anteriores
e a performance atual, Marina buscou consolidar aquilo que para mim está
presente em sua obra, que é expor o ser humano, provocando nas pessoas, uma
experiência museológica diferenciada. O poder da exposição está na capacidade
de provar como existe uma linha tênue entre o que é civilizado e o que não é
civilizado. O trabalho visou mostrar
como o ser humano tem dificuldade em viver relações realmente verdadeiras,
principalmente devido ao cotidiano e a própria noção que temos de
relacionamento. Cada pessoa teve uma reação diferente em frente a artista,
principalmente, por que cada uma delas teve um momento íntimo com alguém
desconhecido, fato que às vezes, nunca havia experimentado nem mesmo com seus
pares mais íntimos.
Referências
Bibliográficas
MATOS,Lúcia Almeida. Ed.2010. Na
Presença de Marina Abramovic. Notas sobre musealização da performance. Revista
de História da Arte n°8
Assista o documentário: